Full Tilt Poker Deixa os Vencedores do Montreal Open de Mãos a Abanar
Os efeitos do Black Friday atravessaram recentemente a fronteira do Canadá, onde o desaparecimento da Full Tilt Poker criou um drama em relação ao Montreal Open, um torneio de poker de cariz humanitário patrocinado pelo site online. O torneio foi idealizado para angariar dinheiro para Miriam Foundation, uma instituição de caridade que promove “o aumento da qualidade de vida de crianças, e famílias, com dificuldades de aprendizagem através da iniciativa e criação de programas de compreensão.”
Agora parece que os vencedores do evento de 2011 terão azar na coleta dos seus prémios que, supostamente, deveriam ser pago pela FTP. Entretanto, e para transtorno da Miriam Foundation, alguns organizadores de eventos como Morden C. Lazarus (conhecido como Cookie), juntamente com DV Sterling Enterprises Inc. e David Sachs, desenvolveram outro evento de caridade com um novo patrocínio.
O novo evento, denominado de Montreal PartyPoker Classic, é patrocinado pela PartyPoker e ajudará a angariar dinheiro para o Jodi Lazarus Fund for Hereditary Breast Cancer, apesar de se dizer que o nome inicial seria Montreal Open. Os organizadores negaram essas declarações mas, mesmo assim, a Miriam Foundation interpôs uma acção provisória e uma injunção preliminar para uma injunção permanente, que optou por recorrer a ajuda legal para prevenir o uso do nome Montreal Open.
Cookie está a contestar o direito ao nome Montreal Open no Province of Quebec District of Montreal Superior Court conta a Miriam Foundation, bem como a tentar reunir montantes que ajudem os jogadores lesados, dizendo que a Fundação teve receitas indevidas e que tem a obrigação de pagar aos jogadores, já que os montantes do prize pool foram para a Miriam Foundation. Ele alega também que nunca teve intenção de utilizar o Montreal Open para o novo evento e que a acção legal foi cedida enquanto ele se encontrava fora do país, impossibilitando-o de lidar com a situação apesar de manchar a sua reputação.
Toda a situação se complicou, tornando-se num caso "minha palavra contra a tua" entre Cookie e a Miriam Foundation. Apesar dos dois lados assumirem a responsabilidade da criação do nome Montreal Open, o verdadeiro problema assenta em saber se a Miriam Foundation tem a responsabilidade ética e legal para pagar aos jogadores depois da ruína da FTP.
O Montreal Open
O Montreal Open acontece desde 2005 e o torneio premiou a 30 finalistas uma viagem a Las Vegas para competir por 10 lugares nas World Series of Poker Main Event, um prémio no valor de $250,000. De 27 a 30 de Março de 2011, o evento mais recente arrastou cerca de 1,500 jogadores , trazendo cerca de $700,000, que eventualmente determinou os 30 vencedores:
Vik Artinian, Francis Bisson O'Bomsawin, Marc Boulerice, Adam Cader, Michael Crabbe, Guy Cruickshanks, Mario Defoy, Bobby Delaronde, Jamilee Fitzpatrick, Jean Gauthier, Dorothy Hector, Terry Hobbs, Ludovic Lachance, Daniel Legare, Izhak Levy, Anthony Mahoney, Philippe Morin, Maxime Nault, David Ngo, Dan Nicholis, Dov Ohana, Philippe Pion, Thunder Rice, Michael Saragossi, Terry Sellers, Jason Smith, Arman Soltani, Daniel Stewart, Robert Turcotte, and S. Nicholas Van Zant
Desta lista apenas 10 jogadores ganharam pacotes para o Main Event das WSOP, que incluía tarifa aérea e alojamento em Las Vegas. Todos os jogadores do evento pagaram um buy-in de $275 apesar de $125 rebuys e $125 add-on estarem disponíveis, e todo esse dinheiro foi pago directamente à Miriam Foundation mesmo que os prémios fossem pagos através da FTP. Infelizmente, o Black Friday e o consequente encerramento da FTP impediram os jogadores vencedores de receber quaisquer prémios. Agora alguns jogadores procuram assistência à Miriam Foundation com o apoio de Cookie, o homem que originalmente trouxe o patrocínio da FTP.
Recursos Legais
Enquanto que os vencedores do Montreal Open esperam pacientemente pelos seus prémios, existem documentos que alegam o silêncio da Miriam Foundation fazendo com que os jogadores procurem respostas em Cookie, o que azedou a relação entre a Miriam Foundation e Cookie, como explicam os documentos presentes em tribunal.
A acção provisória e uma injunção preliminar para uma injunção permanente foi submetida em Dezembro pela fundação contra Cookie, Dv Sterling Enterprises Inc., e Sachs pretende impedir o uso do nome "Montreal Open" juntamente com os "eventos de poker ou qualquer outra acção de beneficência com intuito de angariar fundos."
Em resposta, Cookie submeteu uma contestação à acção no dia 19 de Janeiro, impedindo o direito de usufruto do nome Montreal Open pela fundação. Cookie alega também que a fundação teve uma enriquecimento indevido dado que os montantes do prize pool lhe foi confiado (FTP), e já que a FTP não pôde pagar os prémios a Fundação tem ainda em sua posse cerca de $250,000 que deveriam ter sido distribuídos pelos jogadores.
Ambos os documentos presentes a tribunal apresentam semelhanças em alguns dados mas em outros as discrepâncias são visíveis, dados que remontam à criação do evento. De acordo com a acção interposta, o director executivo da Miriam Foundation, Warren Greenstone, foi nomeado líder do staff para a realização de um evento de caridade com o objectivo de angariar dinheiro para a fundação. O comité reuniu-se nessa alturaa com Cookie que utilizou os seus conhecimentos na indústria do poker para fornecer o patrocínio ao evento. A acção interposta alega que o "comité criou o nome Montreal Open e registou o domínio."
Patrocínios à parte, a FTP comprometeu-se com o pagamento dos prémios e, entre 2005 até 2010, toda a organização correu bem até que em Março 2011, o torneio ocorreu como planeado mas rapidamente sofreu as consequências do Black Friday.
A acção explica que depois do Black Friday, a Miriam Foundation procurou a FTP para esclarecer a situação dos pagamentos dos prémios do Montreal Open 2011. No dia 2 de Junho 2011 a FTP responde via mail a explicar que os jogadores tinham sido pagos diretamente, através das suas contas na FTP, com a excepção de um jogador. Mais tarde a fundação descobre que esses montantes estavam indisponíveis e inacessíveis aos jogadores. Tal como a acção descreve, "a fundação concluiu que os vencedores do torneio de poker tinham sido vítimas de fraude e que nunca mais seriam pagos pela Full Tilt Poker."
Por esta altura, alguns vencedores começaram a perguntar-se pelos seus prémios e pediram ajuda à Miriam Foundation. Cookie, que já tinha sido contatado por muitos jogadores, sugere por e-mail que "a fundação tinha a obrigação moral, se não legal, de pagar os prémios aos jogadores e à Mac Prductions, caso a FTP não o fizesse."
Em resposta, a Miriam Foundation "foi surpreendida com as sugestões de Cookie já que a fundação não tem qualquer obrigação legal de pagar...aos jogadores vencedores pois estes tinham acordo com a FTP." A fundação afirma ainda que a FTP é a única responsável pela distribuição dos prémios pelos jogadores e, já que o site estava a utilizar um "esquema de pirâmide", como referido pelo Departamento de Justiça, os vencedores são vítimas de fraude e a fundação não tem a responsabilidade de os compensar.
Em relação ao Montreal Open, tanto Cookie como a Miriam Foundation reclamam o direito ao nome, tendo o primeiro organizado um outro evento de beneficência, supostamente, com o mesmo nome mas beneficiando outra organização; daí a acção interposta pela fundação. A acção submetida por Heenan Blaikie, advogado da Miriam Foundation, proíbe os arguidos, incluindo os seus parceiros (ex.: Playground Poker e PartyPoker), de utilizar o nome "Montreal Open" bem como "fazer declarações referindo o nome da Miriam Foundation."
Cookie, nega veemente a fato de ter utilizado o nome Montreal Open para o novo evento, antes de referir os prémios dos vencedores na sua contestação à acção:"[Cookie] acrescenta que o queixoso tinha total propriedade dos montantes gerados pelo torneio de poker e recebeu todos as receitas fomentadas pelo mesmo, incluindo os montantes de entrada, os rebuys e os dinheiros do patrocínio e, por isso, tem a obrigação legal e moral de pagar aos jogadores vencedores os respectivos prémios, como anunciado pela fundação."
Ele continuou por dizer: " a fundação simplesmente prosseguiu para o término dos eventos de poker Montreal Open, retirando-os da sua agenda e fechando o web site ao mesmo tempo mas, mesmo assim, procura pessoas que ajudem a realizar um novo Montreal Open 2012...sem pagar aos jogadores e/ou resolver a presente situação."
E agora?
Basicamente, estão dois assuntos na mesa. O primeiro é o direito ao nome Montreal Open; o segundo assunto é sobre a responsabilidade que a Miriam Foundation tem em pagar aos vencedores do evento de 2011, sendo que apenas o primeiro assunto está a ser resolvido por vias legais. Com isto dito, os último assunto é alvo de grande especulação e rumores, dizendo-se que um processo legal será interposto por Cookie e pelos jogadores não pagos contra a Miriam Foundation no entanto, nem todos os jogadores partilham da mesma opinião.
"Não estou interessado em processar um fundação que faz bem às pessoas", disse Dan Nicholis, um dos vencedores de 2011. “Expressei isto aos finalistas do Montreal. Eles estão a juntar-se para interpor um processo legal, juntamente com Cookie Lazarus, [mas] eu declinei a opção de me juntar a esse processo."
Outro vencedor do ano passado, Michael Saragossi, não mencionou a possibilidade de um processo mas mencionou o fato de não ter sido pago: “Fiquei entusiasmado por ter conseguido chegar aos top 30 em Vegas para o Montreal Open em 2011. Fiquei mais decepcionado por não ter recebido o meu dinheiro até agora. O meu dinheiro foi depositado mas, que eu saiba, é dinheiro fantasma e não há intenção de pagamento a nenhum jogador enquanto durar o desastre da FTP e o poker online. É uma verdadeira vergonha que esta situação tenha destruído um evento de sucesso que defende boas causas."
Apesar destes assuntos estarem longe de serem resolvidos e do Montreal Open estar suspenso, o Montreal
PartyPoker Classic irá decorrer entre os dias 25 e 28 de Março no Le Windsor em Montreal. Como gesto de boa-fé, a PartyPoker e respectivos organizadores, convidaram os jogadores lesados do Montreal Open a jogar no Montreal Party Poker Classic como convidados VIP.
" A mensagem mais importante é que aquele evento de caridade não deveria arruinar outros torneios com o mesmo cariz, para outras causas em Montreal," disse Dan Vigderhous, produtor e co-director do Montreal Party Poker Classic. “[Poker] é um grande evento e estamos a ultrapassar o acontecimento infeliz do ano passado. Estamos confiantes que este evento será melhor que qualquer outro evento realizado em Montreal e que o Montreal PartyPoker Classic é um novo e excitante evento que promove uma ótima causa como o apoio à investigação do cancro da mama hereditário.”
Também é de referir que o Montreal Party Poker Classic dará pacotes de prémios aos finalistas, para competir nas World Poker Tour, no Bellagio em Las Vegas.
Claramente as consequências do Black Friday são bastante grandes e os problemas relativamente ao Montreal Open estão longe de estar resolvidos. Como sempre, a PT.PokerNews informa-te sobre todos os desenvolvimentos.
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