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Onde estão eles agora - Peter Costa, campeão do Aussie Millions 2003

Silvia  Almeida
Silvia Almeida
7 min. de leitura
Peter Costa

O Aussie Millions Poker Championship 2012 arrancou esta semana portanto decidimos ver por onde anda Peter Costa, o vencedor do Main Event de 2003 para sabermos de que forma mudou a sua vida ter ganho um evento desta envergadura.

Costa, conhecido pelos nicks "The Poet" e "The Silver Fox", não é novato no poker. Muito antes de ter ganho o Aussie Millions, Costa andava a fazer ITMs por todo o Reino Unido. Costa já jogava desde 1995 mas as coisas atingiram outro patamar em 2002, quando chegou aos $728.981 ganhos e foi nomeado European Poker Player of the Year.

Alguns dos seus resultados desse ano incluiram vitórias no $300 Limit Hold'em do California State Poker Championship ($115.662), no $2.500 Limit Hold'em do Bellagio ($112.000), no $5.000 Championship do Hall of Fame Poker Classic 2002 ($101.520), duas vitórias no Four Queens Poker Classic 2002 ( quase $40.000) e o Late Night Poker Series 6 Gran Final ($78.275).

E no primeiro mês de 2003, Costa ganhou o Main Event do Aussie Millions, que lhe rendeu $221.862. Costa conta já com $1.885.097 ganhos em torneios ao vivo, incluindo 12 ITMs nas World Series of Poker e, muito gentilmente, esteve à conversa com a PokerNews, para nos dar a conhecer um pouco da sua vida depois da grande vitória.

O que tens andado a fazer depois da tua vitória no Aussie Millions de 2003?
No geral, é uma história complexa que toca em vários aspectos da minha vida, incluindo história pessoal, relações pessoais, sonhos e saúde. Foi, aliás, a combinação de todos estes factores que ditaram a minha direcção nos anos seguintes. A parte pessoal, não pode ser explicada nesta entrevista mas decididamente tiveram um impacto dramático na minha vida. Claro que o poker foi aspecto mais visível mas houve coisas mais importantes envolvidas. E isto é algo que nunca esperei dizer.

Para mim, o poker sempre foi uma paixão que substituiu os sonhos de crinaça de ser futebolista. Foi um escape para a competitividade que eu tinha em abundância. Como a maior parte dos miúdos, que queria ser especial. Queria um desafio, ser levado a ultrapassar os limites do meu potencial. Ao invés disso, por causa de um casamento arranjado ainda na adolescência, vi-me à beira do desespero. Em termos de poker, diria que fui forçado a jogar com um 72 sempre offsuited, sempre under the gun.

Como durou 25 anos e de que forma influenciou a minha vida é uma coisa que levou muito tempo a perceber, e muito mais ultrapassar. Adormece-te como pessoa e deixa-te sem identidade. Os últimos 2 ou 3 anos desse arranjo foi passado no abismo, em direcção à destruição, cada vez mais fundo. E essa era a minha vida, quando comecei a minha vida como jogador de poker em 2000-2001. Quando, em 2003, encontrei o amor e uma nova esposa, o poker ocupou uma posição secundária. E quando, nos anos seguintes, fiquei com uma doença debilitadora, não enfrentei muito bem a batalha. Ignorei-a e escondi-a o máximo que pude. Felizmente, pelo menos online podia jogar sem ter o desgaste das viagens, etc.

Com o tempo, tornou-se evidente que ignorar a batalha eu estava a "gamblar" tudo. E as odds não estavam boas. Sentia-me mal todos os dias, era um ataque do coração à espera de acontecer. Alguma coisa tinha de mudar. Em 2006-2007, de alguma forma encontrei a vontade de não só de lutar mas também de ganhar. E mais ou menos por essa altura, comecei a criar novos jogos.

Foi uma velha paixão que me deixou na penúria duas vezes. Em ambas as vezes estive perto de lançar o software, mas para ser franco, tentar fundar um projecto desses com os ganhos do poker era um desafio, nessa altura. Mostrei um ou dois jogos a Phil Hellmuth e, para contar a versão abreviada, ou somos agora sócios de uma empresa com alguns dos meus jogos. E tenho outra empresa com alguns jogadores de poker como sócios minoritários. O objectivo é levar o poker e o jogo online para novas direcções. Mas é um processo longo e demorado. Não é um caminho que eu recomende, de certeza.

Quanto à saúde, tenho de admitir que tenho orgulho de como as coisas se desenrolaram. De alguma forma consegui ir de não conseguir caminher sem ficar sem fôlego a jogar futebol. aos 56 anos de idade com homens de metade da minha idade. Não tinha ideia qie conseguiria alcançar um tal nível de bem estar e fitness. Perder 25 kgs e transformar toda a gordura em musculo faz maravilhas. É o meu momento de mais orgulho? Provavelmente.

Com entraste no Aussie Millions em 2003? Satélite? buy-in directo?
Na altura, fui stackado peloErik Seidel e o seu sócio. Lembro-me do Erik dizer que tinha enviado mail ao seu sócio a dizer que "o Peter tinha começado bem na Austrália" ( em referência a um 3ª, 5º, 6º e 7º lugares em eventos anteriores). A resposta chegou depois do Main Event. Dizia: "terminou melhor".

Tens jogado no Aussie Millions todos os anos?
Joguei no ano seguinte e fiz novamente quatro mesas finais: três segundos lugares e um quinto mas não no Main Event. Também joguei em 2005.

Na tua opinião, o que torna o Aussie Millions um evento tão especial?
Assim, no topo da lista, é simples: as pessoas. Que fabulosa mistura de simpatia se reúne na Austrália. Depois, temos o próprio Crown. Adoro mesmo este sítio. Eu e a minha mulher achamos que a Austrália poderia ser um dia a nossa casa, mas por enquanto, Las Vegas está bom.

O poker é uma parte grande da tua vida? Quão frequentemente costumas jogar?Quais são os teus jogos preferidos?
Sempre quis voltar a jogar poker mas nunca me senti bem o suficiente até há 2 anos. Com o trabalho nos jogos, nos dois últimos anos não me sobrava muito tempo para viagens e jogar ao vivo. Era perfeito até à Black Friday.

Jogava online o necessário e dedicava-me aos meus jogos. Mais importante ainda, eu adoro estar em casa, numa relação que excede todas as minhas expectativas. A modos que fui de do 7-2 para Ases, quando um às já seria um bónus.

De todos os jogos, PLO é de longe o meu jogo preferido, especialmente 6 handed. No geral, tenho que admitir que gosto de muitas formas de poker e espero um dia poder apreciar algumas modalidades que preparei. Vamos ver.

Tens dois nicknames: "The Poet" e "The Silver Fox". Qual é a história por trás desses nomes?
Silver Fox foi o nome que um amigo me chamou em Birmingham. Acho que o cabelo prateado deve ter tido alguma coisa a ver com o assunto. Quanto ao "The Poet", eu costumava escrever poetas e alguém de Nottingham descobriu. Foi há tanto tempo que não me consigo lembrar de quem.

Foste nomeado para European Poker Player of the Year. Como foi ser nomeado para uma honra dessas?
Quanto ao EPPOY 2002, não houve contestações. Aliás, duvido que tenha havido algum ano em que a competição fosse tão óbvia. Apesar disso, algo se passou entre o meu caminho para Helsínquia e o ter recebido o prémio, que acabou por ser entregue a Gary Bush, "apesar de toda a gente saber que o prémio pertencia a Peter", disse ele próprio.

Depois disto, com o Aussie Millions a ser o evento seguinte, iria haver apenas um vencedor. Eu e o Erik vimos as odds antes e eramos os 2 favoritos com 40-1. Eu até disse ao Erik que me sentia insultado por ser "co"-favorito. E sorrimos, ele percebeu o que eu quis dizer, tal era a minha vontade de ganhar.

Compreendam, eu achava o poker divertido. Claro que acreditava imenso em mim, mas sempre com um sorriso. Não era uma questão de ego mas sim de acreditar que podia vencer as cartas e ganhar. Sorrir e divertir-me foi fundamental para ter ganho. Ganhar não significaria nada se não fosse com a mesma atitude que eu tinha perante a vida.

Desta vez, sete pessoas (sete juízes envolvidos nos prémios) decidiram acrescer um pouco de raiva a esta mistura. Para ser honesto, se tivesse sido noutra altura provavelmente nao teria ganho. Mas como estava em brasa, levei o meu jogo a outro nível e segui os meus instintos. Em vez de me aborrecer com as pessoas, usei as emoções para me motivar.

A coisa que mais me aborrecey acerca disso foi que 2002 foi tudo o que um jogador de poker apenas pode sonhar. Mair importante ainda, aconteceu num ano em que a minha vida pessoal estava um inferno. Talvez tenha sido por isso que tive tão bons resultados nas mesas. Eu jogava para não ser eliminado, porque se fosse eliminado voltava para o inferno e eu não queria ir.

No fim, dediquei a minha vitória a todos os que estiveram envolvidos nos prémios. Recebi um pedido de desculpas, depois de 6 anos e algo horrível. Qualquer coisa do estilo: "desculpa tu sabes o quê". Eu sorri. Já estava ultrapassado e esquecido e tenho boas relações com a maior parte das pessoas envolvidas.

Que andas a fazer agora e quais são os teus planos para o futuro?
Boa pergunta. Depois de ter passados os últimos anos a criar jogos, o plano é olhar para as relações criadas na indústria. Pode parecer simples, especialmente se os jogos têm potencial, mas os últimos anos ensinaram-me que é preciso muita paciência. Já tivemos oportunidades com algumas situações e talvez devessemos ter aproveitado uma ou outra mas preferimos esperar e ver o desenvolvimento das coisas.

Agora que tenho um CEO e me sinto melhor que nunca, voltar ao poker é uma opção realista. Suponho que quero estar numa posição em que quero promover os jogos. Combinar estas duas paixões poderá ser a motivação para atingir qualquer especial.

Agora estou a preparar-me para ir à Austrália. Estou ansioso pela viagem e quem sabe fazer história mais uma vez.
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