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Gestão de Banca por Tomé tcmoreira Moreira

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É praticamente consensual que nenhum assunto assume tanta importância na vida de um jogador de poker como a gestão de banca já que dela depende tão só o seu êxito e a sua sobrevivência.

Nos meus 5 anos de convivência com o poker, familiarizei-me com vários termos, uns mais fáceis de compreender que outros. De facto, conseguimos estabelecer um paralelo com a vida com quase tudo o que encontramos no poker, mas há algumas particularidades. Uma delas é a Variância. Toda a gente sabe o que é e, em alguns meses nas mesas, entende o termo, mas a sua gestão é algo de difícil prática. Vejamos, na vida, a variância financeira será o conjunto de fenómenos que fogem ao ordinário do nosso quotidiano: uma multa, uma doença, um acidente são despesas extraordinárias; um prémio no euromilhões, uma herança, ou um presente são receitas extraordinárias, mas estas situações são pontuais. O problema é que, a não ser que sejamos correctores bolsistas de alto risco, a vida não nos prepara para as oscilações com que o poker nos depara. As downswings e as upswings são tão frequentes, pronunciadas e imprevisíveis no poke,r que a gestão da nossa banca é mesmo um assunto complicado. Mas não vou falar de dowswings e upswings, este assunto fica para outro post.

Mesmo os grandes jogadores de poker que conhecemos hoje em dia, têm,quase todos, a sua história de “quando fui à bancarrota…”. Isto, por si só, é demonstrativo dos perigos que este jogo encerra. E tudo isto é culpa de uma característica muito humana: a Ambição. Todos nós, quando nos envolvemos em algo, queremos crescer e evidenciarmo-nos dentro do nosso espaço, é até normal e saudável que assim seja. Mas, se no nosso emprego, ao sermos promovidos, não é expectável sermos despromovidos, já no poker, quando subimos de nível, ninguém nos garante o sucesso. E com as subidas todos nós lidamos na perfeição, o problema é saber lidar com as descidas. Não é nada agradável termos de nos ajustar a limites mais baixos que já deixámos há algum tempo. Parece que estamos a jogar a feijões e já não conseguimos manter o mesmo grau de concentração, motivação e disciplina. Mas por vezes é necessário. Os bons jogadores de poker, acabarão por aceitar estas vicissitudes como algo de inevitável e que os fortalecerá no futuro.

“Gestão de banca? Uma treta…”

Ultimamente tenho ouvido várias pessoas a desvalorizar a Gestão de Banca. O argumento é simples: de que vale sermos óptimos gestores se, no essencial, não conseguirmos ganhar dinheiro. É um excelente ponto de vista e, sem dúvida, muito pertinente. Mas eu coloco a questão de outra forma: é essencial sermos, de facto, ganhadores, mas é fundamental saber o que fazer com o dinheiro. Por isso, apesar de serem conceitos muito diferentes, são associados. Apenas salientei este facto, porque esta não pode ser uma desculpa para menosprezar a Gestão de Banca. Um bom jogador é aquele que ganha com regularidade e sabe gerir o seu dinheiro.

Mas qual a melhor forma de gerir a banca?

Quando me iniciei nestas lides, li muitas vezes que para iniciar um limite deveria ter 20 buyins (se jogasse cash). Bem, passados uns anos e já tive aí seguramente uma meia dúzia de dias em que perdi/ganhei 20buyins num único dia, por isso… alguém me enganou! Eu também não sei qual é o melhor valor para toda a gente, mas, se aprendi alguma coisa é que, apesar de ter a perfeita consciência que não sei gerir a minha banca na perfeição (e tenho as minhas dúvidas que alguém saiba), já tive dias piores. Tenho umas luzes… Sei qual é a minha zona de conforto e estou preparado para quase tudo. Pelo menos, sei que a minha banca pode sofrer alterações significativas, mas que a minha vida pessoal, não sofrerá mais que umas controláveis e passageiras alterações de humor. Por isso, sou da opinião que cada um deverá fazer uma análise distante e racional da sua evolução e tentar reflectir inteligentemente sobre a questão para tentar estabelecer limites. Obviamente, que as conclusões variarão imenso de pessoa para pessoa.

E qual o objectivo de um jogador de poker?

Uma coisa é certa: a banca existe para ser usada. Uns terão necessidade de tirar algum dinheiro para a sua vida pessoal, outros não. O dinheiro reservado para o poker pode ter, de facto, vários fins. Eu consigo ver 2 grandes grupos: os “grinders” – jogadores adeptos do multi-tabling que gostam de jogar níveis mais baixos em que se sintam completamente à vontade (neste caso a evolução será lenta); e os adeptos dos “shots” – o objectivo é chegar o mais alto possível no menor espaço de tempo possível. Não existe uma aproximação mais correcta, tudo tem a ver com o perfil pessoal, o importante é conhecer as eventuais consequências e aprender a conviver com o risco. De preferência, mantendo a sanidade mental…

Gestão de Banca em Portugal?

Analogamente ao que se passa um pouco por todo o lado, esta rápida popularização do poker, provocou um crescimento grande de jogadores, muitos deles jovens entre os 18 e os 25 anos. E aqui está um problema. Ressalvando as devidas excepções, um rapaz universitário, que nunca trabalhou, está dificilmente preparado gerir bem um salário (que tipicamente nunca teve). Agora imaginem qual a sua destreza para a gestão de uma banca volátil como o poker. É óbvio que existem muitos extraordinariamente bem sucedidos e todos sabemos os seus nomes. Muitos deles correm enormes riscos ainda, outros são saudáveis e admiráveis excepções. Mas dos casos mal sucedidos, ou ouvimos uns ecos ou nem sequer ouvimos falar.

A minha avó costumava dizer que “o dinheiro é de quem o poupa, não de quem o ganha”, ou então, “a verdadeira felicidade não é ter muito, mas sim saber-se viver com o que se possui”. Se atentarmos nos casos conhecidos de pessoas que ganharam vários milhares em lotarias e, passados alguns meses, voltaram à estaca zero, daremos razão à sabedoria popular. A correcta racionalização do dinheiro é fundamental no dia-a-dia, mas no poker, essa necessidade, é exponenciada.

Tomé tcmoreira Moreira jogador profissional da Betfair Poker

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Tomé Moreira

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