Hipnotismo no Poker: Parte 1
A primeira vez que ouvi falar em hipnotismo a ser usado no desporto foi quando Steve Collins causou grande sensação ao destronar Chris Eubank do seu título de Super- pesos médios a alguns dez anos atrás. Chris exclamou que Steve Colllins estava aldrabando ao usar os serviços do famoso hipnotizador Paul McKenna para deixar de sentir qualquer tipo de dor ou medo. Penso que não passou tudo de uma diversão e que Collins apenas pretendia demonstrar que se encontrava em transe.
Parece que hoje em dia o hipnotismo se encontra em todo o lado, é uma parte fundamental da psicologia desportiva e já vão longe as acusações em que era considerado aldrabice, como são as imagens e os santinhos transportados pelos jogadores.
Na verdade, fiz psicologia na universidade e sei bem que a mente inconsciente é muito poderosa, especialmente quando influenciada pelo hipnotismo. Já houve pessoas que trataram doenças físicas através do hipnotismo e muitas juram-no por sintomas como a desordem psicológica, medo irracional ou desordem no sono.
Por isso tenho pensado há já algum tempo em usar o hipnotismo para ver se me ajuda como jogador de poker. No início pensei usá-lo para ver se me ajudava a memoriza alguns aspectos complexos da matemática do poker, depois apercebi-me de que depois de ler 16 livros de poker no apêndice, de qualquer dos modos já sabia a matemática toda. Um amigo sugeriu que usasse o hipnotismo para me colocar num estado mental em que eu jogasse todas as mãos como se tivesse um par de A-A, gostei da ideia, mas estava receoso que o meu inconsciente ficasse confuso e fizesse call a um all-in com 10-5 off suited pensando que tinha as "nuts".
Os psicólogos desportivos ajudam os atletas a se manterem constantemente na "zona", todos nós sabemos o que isto quer dizer, mas aqui fica uma boa descrição de alguém chamado Murphy (mas não me lembro de onde tirei esta passagem):
Um lugar especial onde o desempenho é consistente e excepcional, automático e fluido. Um atleta consegue ignorar todas as pressões e deixar que o seu corpo tenha o desempenho que aprendeu durante o treino. A competição é divertida e excitante. (Murphy, 1996).
É isto que quero tirar do hipnotismo, desempenho excepcional e consistente – forma. A zona no poker é aguçada, a sua observação, é estar atento a tudo o que se passa à sua volta e tomar decisões objectivas. É muito importante não ter medo, fazer um call correcto sob pressão de ser eliminado ou fazer um re-raise com uma má mão. Estou um pouco preocupado que estar na "zona" me torne confiante de mais e comece a fazer muitos bluffs, mas penso que a zona é situacional no desporto em questão, por isso quando a cautela for necessária, a "zona" aconchegar-se-á.
Para mim, o que quero retirar disto é que quando estou num estado mental em que sei o que os meus adversários têm, quando estou a jogar com mais atenção às mãos dos adversários do que à minha mão.
Se pudesse voltar ao tempo em que estava na zona, provavelmente seria num cash game. Estava a jogar contra um rapaz que coitado não conseguia ganhar uma mão contra mim, eu sabia quando ele estava a fazer bluff ou slow play. Conseguia relacionar as suas apostas com outras anteriores e parecia saber fazer com que ele fizesse re-raise quando tinha um monstro. Foi uma combinação de observação, concentração e instinto, sem um pingo de emoção.
O pior deve ser o facto de que mesmo que se encontre na zona, e tomar todas as correctas decisões, pode ainda ser batido pelas cartas. A noite passada joguei muito bem, mas os meus Ases batiam sempre em trios e o meu nut flush esbarrava em full-houses completados no river, posto isto, e depois de estar contente com o meu desempenho, acabei a sessão a perder. Estar na zona não previne isto, mas pode prevenir os erros de palmatória que nos costumam custar torneios ou grandes potes.
Esta semana estive em hipnose, volte para a semana e veja se me tornei numa galinha de cada vez que alguém toca à campainha.
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