Crítica de Livro de Poker: A matemática do poker
"Não existe nenhum ramo na matemática, por muito abstracto, que não poderá um dia ser aplicado no fenómeno que é o mundo" – Nicolai Lobachesky
"Se pensas que a matemática não é importante, não sabes a matemática certa" – Chris Ferguson.
O factor que mais contribui para o aumento do poker no mundo é a ideia geral de que se trata de um jogo de pessoas, mais do que qualquer outra coisa. Com a maioria das decisões a serem variáveis, a maioria das pessoas responde quando lhes é feita a pergunta, "depende da situação". Os peritos dizem que devemos jogar o jogador e não as suas cartas. Mas, e se essa suposição fosse provada só parcialmente verdade? Esta suposição é feita por causa do recentemente lançado "A Matemática do Poker". Os autores Bill Chen e Jerrod Ankenman dizem ser as razões numéricas que são mais importantes nas nossas decisões, mais importante do que estar a procurar pequenas dicas do jogador a partir dos seus movimentos ou posturas, os chamados "tells".
Níveis elevados de matemática é algo que o jogador comum de poker não está habituado, algo que nunca poderá ser dito sobre Bill Chen. Ele tem um curso superior em matemática, era analista de profissão, e tem também experiência com software de design. E quanto ao poker, as suas credenciais são impecáveis. Os resultados de Chen nas World Series of Poker foram espantosos. Ele saiu com uma bracelete no torneio $2,500 de mesas de 6 (Short Handed) No Limit, e outra no $3,000 Limit. No total ficou no dinheiro por seis vezes. Chen tem estado a colaborar desde 2002 com Jerrod Ankenman, que é um jogador profissional que ficou em segundo num outro evento de $3,000 Limit das World Series of Poker de 2006.
O seu livro não é pesado, mas as suas páginas estão carregadas de informação. O trabalho está dividido em 5 partes distintas; cada parte suporta o tema principal, que é maximizar o lucro médio. Pela segunda página da introdução – em que são analisados os erros normais em jogadas – os leitores ficam a saber que não haverá bluff nas próximas 350 páginas. As partes 2 e 3 pertencem ao núcleo intelectual, porque exploram a mecânica por detrás das jogadas de exploração e de optimização da maneira de jogar. Jogadas de exploração são o máximo que podes esperar pela estratégia do teu adversário; enquanto que optimizar a maneira de jogar, são estratégias com fundamento, que são independentes da maneira de jogar do teu adversário. Enquanto que a maioria dos jogadores tenta no máximo explorar a sua maneira de jogar, os melhores competem num nível próximo ao "óptimo", que é um nível em que obtemos vantagem através dos erros do adversário. Sem contar com os jogos de "Roshambo" (pedra, papel e tesoura) e "The Jam" ou também chamado o "Fold Game" com limite, muitos outros exemplos não serão familiares para o comum dos mortais. A falta de familiarização com estes jogos não é um problema, mas no entanto, estudar jogos como "Clairvoyance", AKQ, Policias e ladroes, e Leilão fortificam a mente e dão-nos uma nova perspectiva das situações. È claro que aviso desde já que novatos, deveriam evitar esta procura até terem uma ideia clara de todas as facetas do poker. Este texto não é decisivo na maioria das decisões que fazemos na mesa de poker. E por isso, Chen e Ankenman tratam a mente como uma chama para ser controlada e não como um vaso para ser enchido.
Alguns leitores poderão questionar-se sobre a dificuldade da matemática apresentada, e se é um pré-requesito ter um conhecimento profundo sobre a matéria para poder extrair o máximo de informação das páginas deste livro. Bem para variar, a resposta é, "depende". Com certeza que a maioria dos leitores deste livro iram estar dentro dos critérios necessários para a compreensão do livro, que é o oitavo ano de escolaridade. Porém o que Chen e Ankenman podem esquecer-se é que muitos de nós já não se lembra o que aconteceu nesses longínquos tempos de escola. Teremos que entender informação que à muito foi apagada da nossa memória. Além disso, é necessário um entendimento básico de estatísticas, para compreendermos o que está por detrás das equações. Aqueles com pouco conhecimento em álgebra e estatísticas, ficaram espantados com a quantidade de matemática em exposição. Os que têm dificuldade em matemáticas irão ficar desmoralizados, mas o espantoso é que as ideias estão explicadas além das equações matemáticas. A secção em que fala dos nossos "bankrolls"e torneios irão ser valiosos para todos, tal como o capitulo sobre o Risco da Falência, em que o uso da matemática é usado para melhorar, e é usado um exemplo de jogador Hold'Em No Limit para compreendermos os conceitos. Com a excepção dos dirigentes de casinos, todos iremos apreciar a conclusão a que eles chegam de que "o risco de falência é de 100% em jogos com expectativas negativas." Felizmente para a indústria, milhões de jogadores das "máquinas/ranhuras", não se preocupam com as regras da probabilidade.
Sim, este livro é um desafio, mas o melhoramento de nós próprios é raramente conseguido de uma maneira fácil. Além das vantagens no jogo, o livro apresenta um estilo educacional que vale a pena. Conceitos em finanças, economia e psicologia são explicados aos jogadores, e outras teorias são analisadas das quais de outra forma, um jogador de poker nunca encontraria. Até termos conhecidos são explicados de uma forma muito melhor do que noutra ocasião qualquer.
É preciso ver que este livro não será o fim, mas sim o começo, muitos próximos terão este como base e Chen e Ankenman oferecem aqui algo único ao nível de táctica e a sua ênfase em estratégia.