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Estratégia Poker: Draws falhados e mãos feitas

5 min. de leitura
Estratégia Poker: Draws falhados e mãos feitas 0001

Vamos colocar você a coçar a cabeça com esta pergunta:

Você fez call a um raise na small blind, apanhou o par mais alto no flop. Você faz call a apostas no flop e turn com um certa incerteza, mas fica mais contente quando vê sair uma grande carta no final. O river dá-lhe os dois pares mais altos e provavelmente você tomou a dianteira. Se o pot tem neste momento 10,000 apostas quanto é que deve apostar para valorizar o pot?

Você apenas acerta se disser, "Não sei, preciso saber a minha mão e as cartas que estão na mesa." Vamos ver como as coisas mudam nestas duas situações:

1) A sua mão é KQ, e as cartas na mesa são KJ87Q

2) A sua mão é KQ, e as cartas na mesa são K3278

Em ambas as ocasiões apanhamos o rei no flop para o par mais alto e fizemos os dois pares mais altos no fim. Mas eu iria tão longe dizendo que as diferenças são tantas que no 1º exemplo deveríamos apostar apenas 3,500, e ate 10,000, o valor do pot, no segundo exemplo.

Quais são as diferenças entre estas duas jogadas?

Qualquer diferença geralmente varia consoante a textura das cartas na mesa. Na primeira jogada a mesa está cheia de cartas altas, não há hipótese de haver draws falhadas no river. Mesmo no turn não há flush draw, e o straight draw existente com 109 saiu. Uma mão como Q10 falhou o straight mas apanhou um par, e por isso um jogador não seria inclinado a fazer bluff.

Draws falhados na jogada 2 são em abundância. Uma mão como 45 falhou o straight por completo, e a partir do turn existem dois flush draws falhados.

A diferencia é que um bluff parece mais provável no 2º caso e um adversário razoável definitivamente iria notar isso.

Mãos feitas

A diferença crucial entre estas duas jogadas é o número possível de mãos feitas disponíveis. Jogada 1) tem cartas muito conectadas (próximas), três cartas na zona (10 ou mais alto). Podemos presumir que o outro jogador tem uma mão inicial típica tal como você, por isso existem muitas possibilidades para um trio, dois pares ou straight.

Na jogada 2) a mesa é desconexa em comparação à 1ª; uma aposta confiante de 10,000 não encaixa com muitas mãos, por isso provavelmente será interpretada como um bluff.

Podemos ser ainda mais específicos, e falar não apenas mãos feitas disponíveis, mas as mãos que encaixam no nosso padrão de apostas – os call conservadores seguidas de uma aposta no final em ambos os casos sugerem que o river alterou a nossa mão. Isto é uma história difícil para o nosso adversário acreditar num 8 aparentemente inócuo no river, o que significa que é realmente uma carta muito boa para sair.

Quantia a apostar como value-bet

A grande diferença em value-bets que eu tenho sugerido é em parte devido ao facto de na jogada 1) não podemos ter a certeza de que o par mais alto está a ganhar, por isso nos protegemos mantendo as apostas baixas.

A razão principal tem haver com a percepção da mão. Na mesa da jogada 1), sem draws falhados e muitas possibilidades de mãos feitas, um adversário decente saberá que devemos ter algo.

Imaginemos que o nosso adversário tem AK para o par mais alto – o que é realmente uma mão marginal com estas cartas na mesa. Uma value-bet elevada diria realmente a verdade – que a nossa é muito forte – e permitiria que ele fizesse fold. Uma value-bet de 3,500 é praticamente impossível ao nosso adversário fazer fold, por colocar a nossa mão num raio muito maior de mãos possíveis – muitas das quais ele consegue bater.

Na jogada 2) o nosso adversário dificilmente acreditará que aquilo que a nossa elevada value-bet esteja a falar a verdade, que temos uma grande mão. Poucas mãos feitas possíveis e muitas draws falhados significam que ele provavelmente irá nos pagar. De facto é mais provável é ele nos pagar 10,000 do que pagar 4,000. Uma pequena aposta de 4,000 não parece ser um bluff, e poderá alertar o nosso adversário para o facto de realmente termos algo permitindo que ele faça fold ás mãos mais fracas.

A relação entre as mãos feitas e os draws falhados

Nenhum jogador alguma vez o calcula como um número, a ideia de relação entre mãos feitas e draws falhados é algo que os bons jogadores têm noção. (Não se preocupes com a linguagem matemática, a relação apenas necessita ser tão simples como: de poucos para muitos ou muitos para poucos). Aqui estão dois exemplos:

Muito alto - Muitas mãos feitas, nenhum draw falado

AKJ98

Muito baixo – poucas típicas mãos feitas, muitos draws falhados

3487Q

Como irá isto influenciar as nossas decisões?

Esta relação é o ponto fulcral de quanto o nosso adversário pensa que estamos a fazer bluff. Com elevadas mãos feitas e poucos draws falhados, o seu adversário terá a tendência de pensar de acreditar em você, e vice-versa.

Imaginemos que você tinha uma mão fraca como AJ(3º par) na jogada 1). Uma jogada audaz seria apostar 10,000, para tornar a sua mão num bluff. Se o seu adversário aplicar esta lógica, ele saberá que você não poderia estar a fazer bluff com nenhuma mão. Se ele não suspeitar desta jogada invulgar de transformar uma mão marginal num bluff, ele irá dar-lhe créditos a uma mão muito forte.

Value-betting é uma parte do poker que vai de mão dada com o bluff, e de facto funciona como um reflexo no espelho. Onde o seu adversário irá dar-lhe valor à ideia de estar a fazer bluff, como na jogada 2), deverá aumentar as suas value-bets com mãos fortes. Esta mudança significa igualmente que você deverá reduzir as value-bets com mãos mais fracas em mesas como na jogada 2), poderá até conseguir 4,000 ao seu adversário com mãos como K4 (par mais alto sem kicker), se acreditar que está à frente de uma mão como JJ.

Contrariamente, onde não há hipótese de estar a fazer um bluff, tem que convencer o seu adversário a fazer call fazendo uma pequena aposta.

Nota Ed: Stuart Rutter é um jogador regular no EPT da Poker Stars.

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