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O Outro Lado do Pano, Vol. 10: WSOP 2002, Antes do Boom, Parte 2

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O Outro Lado do Pano, Vol. 10: WSOP 2002, Antes do Boom, Parte 2 0001

De Dealer a Jogador "Profissional" em Dois Dias

As World Series de 2002 arrancaram com um par de eventos de limit, e nessa altura autorizámos os dealers a jogar nos torneios. Mike Majarus tinha sido contratado para dar cartas no WSOP, mas depois de ter ficado em terceiro no torneio de Empregados Limit Hold'em, decidiu tentar a sua sorte com os $2,000 que tinha ganho num Evento Limit do WSOP. Mike estava numa mesa onde estavam TJ Cloutier, Huck Seed, Ram Waswani, e o jogador mais respeitado como sendo o melhor jogador de limit do mundo, e recentemente campeão no WPT, David Chiu. Depois de ganhar os $407,000 do primeiro prémio, Mike jurou que ia voltar a dar cartas mas não voltou a fazê-lo no WSOP de 2002.

De volta a Flack

No Evento #4, 449 jogadores juntaram $2,000 cada, para competir num torneio No Limit Hold'em. Não havia melhor jogador no torneio do que o próprio vencedor, Layne Flack. Nunca vi ninguém jogar tão focado na minha carreira, e o seu talento naquela altura era comparado ao jovem Stu Ungar e a Johnny Chan no final dos anos 80. Layne ultrapassou todo o 'field' apesar de ter dito muitas vezes que apliquei uma regra de forma incorrecta. Layne fez uma aposta num bluff e um dos jogadores virou as cartas para cima. Quando Layne e Benny Binion Behen disseram que a mão estava morta - - e um dos meus assistentes concordou que a mão estava efectivamente morta - - eu estava próximo para anular a decisão e dizer que a mão estava viva e que o jogador teria de cumprir uma penalidade depois da mão. O jogador acabou por fazer call e tinha a melhor mão, mesmo assim, e apesar de ter perdido esse pote, Layne venceu, mas ainda hoje discorda da decisão que tomei.

Regra #7 do TDA diz:

Penalidades e Desqualificação: Uma penalidade PODE ser invocada se um jogador mostrar alguma carta enquanto a acção decorre, atirar uma carta para fora da mesa, violar a regra de uma-mão-para-um-jogador, ou se outros incidentes tiverem lugar. As penalidades SERÃO invocadas nos casos de soft-play, abuso, ou comportamento desrespeitoso. As penalidades disponíveis pelo Director do Torneio incluem avisos verbais e "perca de mãos". A penalidade "perca de mãos" decorre da seguinte forma: O jogador falha uma mão por cada jogador sentado na mesa, incluído o próprio, multiplicado pelo numero de rondas especificado na penalidade; durante esse período o jogador deve abandonar a mesa. O staff do torneio pode determinar uma, duas, três ou quatro rondas de penalidade ou desqualificação. Um jogador que seja desqualificado deve ver as suas fichas removidas de jogo. Infracções repetidas estão sujeitas a penalidades mais graves.

Regra #31 Confirma Que a Mão Não Estava Morta:

Mostrar Cartas: Um jogador que exponha as cartas durante o período de acção pode incorrer numa penalidade, mas não terá uma mão morta. A penalidade começa no final da mão.

Depois de Layne ter ganho o evento numa mesa final onde estavam Tom Jacobs e Harry Demetriou, lembro-me de vê-lo agarrar nos grandes maços de notas de $100 e atirá-los para o outro lado da sala, para o seu 'backer', Ted Forrest. Uma semana mais tarde o WSOP tinha um torneio de $1,500 NLHE onde entravam não só as grandes estrelas, mas muitos desconhecidos. Layne tinha um talento único na sua leitura de jogadores, aliado a uma percepção extrema de tudo o que se passava na mesa, estivesse envolvido na mão, ou não. Lembro-me da sua habilidade para reconstruir situações e contagem de fichas melhor do que qualquer pessoa que tenha conhecido. Se fosse chamado a uma mesa onde ele estivesse, normalmente tentava ocupar o meu lugar e dar todas as explicações ao dealer; e apesar de eu apenas querer a informação do dealer, o Layne tinha sempre uma explicação melhor. Quando atingimos a mesa final, o Layne não ia ter uma tarefa tão fácil como no torneio de $2,000 já que nesta mesa estava Johnny Chan, Carlos Mortensen, TJ Cloutier e outros. Há uma mão que me ficou na memória para sempre, porque foi a primeira vez que vi numa mesa final de um grande evento, poker vs poker. Phillip Marmorstein tinha 4-4-4-4, e Layne tinha 10-10-10-10.

Quando ficaram 3 jogadores, o Layne estava a jogar tão bem que devido a algum medo ou bom senso, Johnny e TJ pediram um acordo. Layne respondeu com uma oferta, "O único acordo que faço é jogarmos por todo o dinheiro!". TJ e Johnny Chan obviamente recusaram a sua oferta audaz e acabaram resignados com o segundo e terceiro lugar. Em 2002 Lanyne parecia imbatível.

Para ser justo com o Layne, ele teve um óptimo 2003, ao ganhar o seu único título do WPT no Celebrity Invitational. Depois desse, conquistou a sua quarta e quinta bracelete do WSOP. Mas mesmo assim, ele admite que 2002 foi um ano mágico para ele. Layne não voltou a ganhar um torneio desde o evento de consolação em Monte Carlo em 2004 há quase quatro anos, algo que não é aceitável para um jogador do calibre de Layne.

Falei com Layne recentemente depois perder $300 num campo de golf, e ele explicou-me que em 2002 foi um ano onde ele realmente se sentia na "zona", e que pretendia voltar á antiga forma. E embora ele tenha tido alguns problemas pessoais que conseguiu ultrapassar, eu acredito que a destreza continua lá e um regresso está eminente. Espero que, em prol do poker, o Layne regresse e mostre ao mundo o seu verdadeiro carácter e que prove que ainda é um dos melhores jogadores.

No meu próximo artigo das World Series de 2002 vou falar sobre a confirmação de Phil Ivey.

Encontramo-nos na mesa final!

Matt

Matt Savage é um dos directores de torneio mais reconhecido mundialmente, e já esteve envolvido em mais de 350 eventos televisionados, incluindo as WSOP, o WPT, e muitos outros. Matt é um dos fundadores da Associação de Directores de Torneio, o primeiro a ser induzido no Poker Managers Hall Of Fame, e actor no filme Lucky You. Se tens algumas questões sobre algumas regras, por favor envia-as para [email protected] ou então procura no website de Matt SavageTournaments.com

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