Entrevista com Ricardo Sousa aka LostLucky
Depois do sucesso nas mesas de cash games e mais recentemente em torneios do EPT, o nome de Ricardo Sousa, também conhecido por LostLucky, não deixa indiferente ninguém e a PokerNews quis conhecer mais de perto o jogador português com mais sucesso no circuito dos EPTs.
NR: Olá Ricardo, é um prazer estar aqui contigo, e realizar esta entrevista. Fala-nos um pouco sobre ti, quem é o Lost fora das mesas e antes do poker?
RS: Sempre fui uma pessoa ambiciosa, após terminar o curso de Economia e Finanças estive a trabalhar numa consultora financeira durante 2 anos mas depois dei o salto para lançar-me na área empresarial, área que ainda estou envolvido actualmente. Agora estou numa fase de vender uma das empresas por falta de tempo para me dedicar a ela e para ficar com mais tempo disponível para me dedicar ao poker e à família. O tempo agora é o meu recurso mais escasso.
NR: Depois descobriste o poker e nada voltou ao que era, quando decidiste que podias viver do poker e ser profissional?
RS: A ideia estava a ganhar bases muito sólidas no final do 1º semestre do ano passado, suportada por uma rentabilidade muito confortável que estava a conseguir extrair das mesas online, mas o convite da Unibet Poker para ser patrocinado por eles na European Poker Tour, que foi efectuado no EPT Barcelona 2007, foi o factor crucial para oficializar a decisão de me tornar profissional.
NR: Fala-te do teu nick… muitos dizem que falta de sorte não tens! Mas há muito trabalho por trás destes resultados, certo? Que métodos usas para estudar e melhorar o teu jogo?
RS: Perdi quase todos os torneios EPT em races 45% vs 55%, muitos deles logo na primeira vez que fui called num All In durante esses torneios. Na altura ninguém dizia que tinha falta de sorte... Penso que o termo mais correcto a usar será "variância". Sim, há muito trabalho por trás dos resultados, eu costumo referir muitas vezes que apesar de jogar poker há menos de 2 anos, tenho +10 anos de experiência em mercados financeiros que foi um dos motivos mais importantes para ter conseguido progredir tão rápido no mundo do poker. Não só foi importante na parte de fácil domínio de conceitos básicos como odds, risco/retorno, etc. Mas principalmente no que diz respeito à postura psicológica correcta a lidar com perdas/ganhos, variância.
Em termos de método de estudo, sou aluno assíduo das 2 melhores escolas online de Cash Games e já há alguns meses que trabalho em simbiose com o André (Wade). Não só a analisarmos as mãos mais complicadas um do outro como a nível de apoio psicológico nos swings assim como a puxar 1 ao outro para subir de stakes, com algumas idas a 50-100 NL a serem feitas com staking um no outro para reduzirmos a variância.
NR: Tu tiveste uma subida notável desde meio do ano passado até hoje, sempre com ganhos consistentes em todos os níveis. Queres contar-nos como foi esta subida de 1-2 até 25-50 e ás vezes 50-100 em tão pouco tempo?
RS: A transição mais complicada foi provavelmente de 1-2 NL para 2-4 NL, mas durante os meses que joguei na Mansion - como jogava full ring e a variância em full ring é muito inferior - foi fácil acumular uma banca razoável para quando fiz a transição para a super "fast action" das mesas 6 max. da Unibet não ser afectado psicologicamente nem ficar com problemas de banca para continuar a jogar 2-4 NL durante o período inicial de adaptação. 5-10 NL foi um dos níveis mais difíceis. Tive que regredir várias vezes para stakes mais baixos. Em Dezembro do ano passado comecei a fazer table selection para jogar 2-3 mesas 10-20 NL,onde existem normalmente na Unibet mais gamblers e fishes do que em 5-10 NL e começou logo a correr muito bem com taxas de rentabilidade altíssimas. As primeiras experiências em níveis acima de 10-20 NL foram novamente em resultado de table selection suportados por estar +$30k positivo no mês. Fui experimentar esses níves disposto a arriscar uma parte substancial dos lucros do mês e também começou logo por correr bem desde os primeiros "shots".
NR: Muitos afirmam ser mais difícil bater os regulares de middle stakes do que propriamente muitos dos high stakers, concordas?
RS: Em parte é verdade, há regulares em 5-10 NL muito bons e muito difíceis de bater. Em high stakes a table selection é crucial e o jogo psicológico atinge outro nível em que é preciso muito auto-controle e experiência para aguentar a pressão que é muito superior em High Stakes.
NR: Há quem ache que a jogar NL400-NL1000 e até em níveis mais baixos se pode ganhar muito e que não há necessidade de continuar a subir. Tu passaste por Nl2000 e passaste a ser regular em NL5000, e já te vi a sentar nas mesas de 50-100. Tens um patamar onde pretendes parar, ou a ambição é sempre jogar o mais alto que a tua banca permitir?
RS: Os meus limites são a banca que é o factor número um. Não havendo restrições a nível de banca para subir, irei continuar a subir até ao nível mais alto em que encontrar gamblers/Fishes/ jogadores com falhas exploráveis no seu jogo.
NR: Depois de nos primeiros EPTs, te teres lamentado de perder todas as corridas com AK, tudo mudou em Varsóvia. Mudaste alguma coisa no teu jogo, ou começaste a ganhar corridas?
RS: Mudei a maneira de jogar para não estar dependente de corridas, comecei a ver muitos flops no início do torneio para tirar partido do meu jogo post flop. Comecei logo a acumular uma stack muito acima da média nas primeiras horas o que permitia não ter que pôr o meu torneio em risco numa corrida. Nos momentos cruciais quando coloquei a minha stack toda em risco estava muito à frente dos adversários e até à mesa final só estive envolvido em corridas contra shortstacks. Contudo, a minha relação com os AKs nos torneios continua muito complicada como puderam constatar, no Mónaco, os 2 maiores pots que perdi foram novamente c/ AK em que nem o K na board serviu de muito.
NR: Quando te apercebeste que podias chegar á mesa final?
RS: Não houve um momento concreto, eu normalmente comecei os torneios sempre com esse objectivo, no meu blog no início do ano já tinha fixado os objectivos para 2008 e não faziam parte deles chegar ITM em 1 EPT mas sim fazer uma mesa final. Se não acreditasse que iria fazer mesas finais com certeza que não compensaria, pelo menos a nível financeiro, perder tantos dias a jogar os EPTs.
NR: Foi um orgulho para toda a comunidade ver um português na mesa final de um EPT. Apesar de teres perdido um 70/30 na mão final, saíste de lá com o sentido de dever cumprido?
RS: Sim, dever cumprido, no entanto ainda fiquei com um objectivo por atingir para me manter 100% motivado para a próxima época, que é trazer a taça para Portugal.
NR: E no Mónaco, como te correu o torneio?
RS: Comecei logo por perder 1/3 da stack com Full House vs Full House superior e a partir daí tive que jogar com uma stack sempre abaixo da média o torneio todo até chegarmos perto da bubble. No 3º dia do torneio, consegui dobrar nas primeiras horas a fazer Raises e RRs All ins que nunca foram Called e continuei a abusar da mesa até à bubble rebentar o que me permitiu nessas horas magnificas do torneio passar de shortstack para uma das maiores stacks do torneio com o estoirar da bubble.
Ricardo Sousa em acção no EPT Mónaco
NR: Será que vamos ver-te ganhar uma bracelete este ano? Pretendes jogar só o Main Event, ou tens outros eventos em agenda?
RS: Só faço previsões durante os torneios nas mesas. Oficialmente para mim esta época já acabou com a final da EPT em Monte Carlo. Neste momento, estou de saída para Madrid para jogar o Unibet Poker Open e lá irei negociar com o meu patrocinador a próxima época. Espero colocar o WSOP no calendário desde que a longa deslocação a Las Vegas também seja aproveitada para jogar outros eventos.
NR: Para terminar, qual o teu maior sonho?
RS: Ser feliz e fazer felizes as pessoas que me rodeiam.
Da nossa parte desejamos-te que alcances todos os teus sonhos e esperamos poder acompanhar-te daqui a pouco tempo no WSOP.
Nota Ed: Quer jogar com o Ricardo Sousa?!?!? Faça já o download da Unibet Poker e receba ainda um bónus de $100 de novo Jogador.