Balanço Final às WSOP: O Bom, O Mau e o Vilão
Depois de passar a maior parte do verão nas World Series of Poker deste ano (quantos dias foram?! Perdi-me na contagem quando ia nos 30), é lógico que tenham sido as melhores séries de torneios na história deste jogo. Desde o início dos satélites a 25 Junho até à coroação do Campeão do Poker, o Jamie Gold, em 11 de Agosto, viram-se grandes momentos de excelente poker e também algumas lacunas no evento. Estas eram esperados de uma forma ou outra, mas é altura de fazermos um balanço à acção que houve no Amazon Room no Rio.
O BOM
Em primeiro lugar, chamar o melhor torneio de poker de todos os tempos a estas World Series, não é exagero nenhum. Todos os torneios tiveram muitos participantes e jogadores ávidos por poderem fazer a sua estreia nas WSOP. Centenas de trabalhadores deram apoio a estas WSOP. Este foi um monumental objectivo atingido pelo pessoal da Harrah e deveriam ser aplaudidos de pé pelo seu empenho.
À ESPN tem de ser dado o crédito por ter transmitido o principal torneio das WSOP em directo com pay-per-view (assinei por $24.95 que foram muito bem gastos). Enquanto que o resto da sua transmissão tentava mostrar os principais pontos de interesse, o PPV, que tinha o Phil Gordon e o Ali Nejad nos comentários (bem como muitos outros convidados, incluindo o Doyle Brun, Chris Ferguson e a Jennifer Harman), foi bem gerido e entreteve todos os espectadores. Os espectadores não conseguiam ver todas as cartas neste show (tal como seria de esperar, porque a informação da transmissão poderia ter sido transmitida para os jogadores), o que deixava o Gordon e o Nejad a especular quais seriam as cartas que os jogadores tinham. Mas assim também salvaguarda a transmissão do Principal Torneio quando começar a 22 de Agosto.
O torneio H.O.R.S.E. de $50,000 superou todas as expectativas. A maioria das pessoas esperava que fossem só 70 a 80 jogadores, por isso foi um momento mágico quando 143 jogadores se sentaram nas mesas para o torneio mais caro na história das WSOP. Na mesa final estavam alguns dos maiores nomes do poker (tal como esperado), casos do Brunson, Phil Ivey e Chip Reese. A batalha do heads-up entre Reese e o Andy Bloch foi uma excelente demonstração de poker e mostrou porque um torneio destes deveria ser o selo de marca das World Séries. Houve alguns casos que veremos a seguir.
Quanto ao resto do torneio, existiram grandes momentos também. No início do torneio havia uma barreira que dizia que este ano ninguém conseguiria ganhar 2 braceletes. Não foi 1 mas sim 2 vencedores de duas braceletes este ano (fazendo com que as salas de apostas alterassem as suas probabilidades), o Bill Chen e o Jeff Madsen. O Chen demonstrou amor pelo poker, sorrindo e rindo com os seus colegas de mesa no seu caminho vitorioso, e também deve ter contribuído muito para o sucesso do seu livro "The Mathematics of Poker" que será de certeza um best seller quando sair no próximo Outono. O Madsen foi apenas espectacular; com 21 anos não ganhou apenas duas braceletes em torneios No limit, mas também chegou à mesa final de Omaha e Seven Card, demonstrando que não é só jogador de No Limit. Se este ano nasceu uma estrela nas WSOP, essa estrela é com certeza o Jeff Madsen, que disse que irá terminar os estudos (mas vamos voltar a vê-lo em breve, de certeza!).
O Phil Hellmuth também conseguiu fazer uns barulhinhos este ano, uma vez que chegou disposto a fazer vingança. Depressa se posicionou no topo dos jogadores que mais vezes chegaram ao dinheiro nas WSOP. Teve uma oportunidade de igualar o feito do Doyle Brunson e do Johnny Chan na categoria de mais braceletes ganhas, mas ficou curto quando teve a oportunidade de defrontar o Jeff Cabanillas num torneio No-Limit. Conseguiu chegar a mais uma mesa final, desta feita em Omaha, mas nunca ameaçou os primeiros lugares. Finalmente conseguiu a sua 10ª bracelete quando ganhou o torneio #10 No-Limit Hold'em de $1000 (com rebuys), tornando as WSOP de 2006 de boa memória para o Campeão do Mundo de 1989.
O MAU
Mas também existiram algumas imperfeições nos torneios que por vezes originaram burburinhos no Amazon Room. O primeiro torneio libertou a ira de alguns jogadores, uma vez que começou com 100 mesas de 6 jogadores em vez de 60 mesas de 10 jogadores, mudando a semântica do jogo quando os jogadores esperavam jogar em mesas completas. Foi neste torneio que o profissional Harry Demetriou foi expulso do Rio.
Os jogadores esperavam que não houvesse alterações de última hora, para assim não terem de mudar as suas estratégias. O Harrah decidiu colocar uma mesa na sala de jogo para que os jogadores podessem manifestar as suas reclamações, e muitas vezes podíamos ver o Director do Torneio, o Robert Daily, a ouvir as queixas; demonstrando assim que o Harrah estava atento às opiniões dos jogadores.
8773 jogadores no principal torneio, tornam-no demasiado longo e difícil de se realizar num só espaço. Houve a discussão de dividir os jogadores pelas várias propriedades que o Harrah detém em Las Vegas, e só no final juntar os restantes jogadores no Amazon Room. A expectativa é que em 2007 sejam mais de 10.000 jogadores, fazendo com que esta ideia tenha pernas para avançar.
O torneio H.O.R.S.E. de $50,000 também teve as suas peripécias, quando decidiram que a mesa final só seria jogada em No-Limit Hold'Em, em vez das várias modalidades que tinham sido jogadas até então. E se tivessem jogado as várias modalidades, seria por certo uma demonstração que existe mais modalidades para além do Hold'Em.
Em segundo lugar, os jogadores deste torneio tiveram de jogar 50 horas em 3 dias, fazendo com que fosse um autêntico massacre, especialmente para os menos jovens. O Harrah já anunciou que para o próximo ano este torneio terá 5 dias. E também muitos jogadores queixaram-se do estado das cartas. Se tivessem disponibilizado cartas novas para este torneio, de certeza que as proporções das queixas seriam bem menores.
O VILÃO
Embora tenhamos de dar os parabéns ao pessoal de serviço nas World Series, o mesmo já não se poderá dizer do serviço prestado à comunicação social.
Em 2005 éramos todos como uma família, até apostando por fora em quem iria ganhar determinado torneio, e partilhando informações.
Este ano o Harrah tomou uma decisão de negócio, ao garantir a exclusividade a alguns, mas restringindo demais os restantes. Imaginem, se conseguirem, que é permitido a toda a comunicação social fazer a cobertura do Super Bowl, e que no 4º quarto de jogo toda a restante comunicação social teria de sair da área própria e se quisessem seguir o resto teriam de o fazer pela bancada ou pela Internet. Foi isto que aconteceu durante todas as WSOP e não apenas no principal torneio.
Estou de acordo que haja cobertura específica por parte dos patrocinadores, mas deixar todo o resto da comunicação social de fora, não foi com certeza boa politica. Se o poker quer ser um jogo de massas, precisa de toda a cobertura possível, e não só de algumas vozes. É com grande esperança que esperamos que para 2007 isto dê uma volta de 180º.
No geral, as WSOP de 2006 foram as melhores de todos os tempos. O Harrah, a ESPN, os dealers, o pessoal da sala e até mesmo aquelas pessoas que trabalharam na cozinha e nas restantes actividades que se desenvolveram fora da sala de jogo, dedicaram-se a fundo e fizeram mais do que lhes era pedido. Será difícil ficar à espera por 2007 e pela renovação das World Series of Poker.
Nota Ed: Vá treinando na NOBLE POKER para poder estar presente nas WSOP de 2007.