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Throwback Thursday: Análise do Livro: Harrington on Cash Games, Volume I

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Throwback Thursday: Análise do Livro: Harrington on Cash Games, Volume I 0001

Mais uma quita-feira e volta a ser tempo de apresentar a rubrica Throwback Thursday. A ideia é recuperar notícias que marcaram o publico, hoje recordamos a análise ao livro Harrington on Cash Games, Volume I. O artigo foi escrito em 2009.

Dizer que o livro de Dan Harrington e Bill Robertie, Harrington on Hold'em, mudou a maneira como são jogados e discutidos os torneios de poker, é dizer o óbvio. Os primeiros dois volumes, publicados em 2004 e 2005, continuam perto do top de vendas dos livros de poker. Desde o seu lançamento que inspira outros autores nos seus próprios livros, daí que possamos sentir a sua influência noutras publicações do género. Na verdade, podemos afirmar que os três volumes do Harrington on Hold'em tiveram impacto em toda a literatura sobre poker e não só nos livros dedicados a torneios. Num mundo dominado por fóruns, vídeos e podcasts, o Harrington on Hold'em continua a ser o "sitio" se assim podemos dizer, onde a informação está tratada e apresentada de melhor forma.

Depois do sucesso alcançado com o Harrington on Hold'em, a dupla Harrington e Robertie decidiram escrever mais 1 volume, desta feita dedicados aos cash games, Harrington on Cash Games. Uma vertente que, como os próprios autores afirmam, é mais difícil de dominar que os torneios. Como era de esperar estes novos livros bebem muito do seu antecessor, organização, clareza na apresentação de teorias e conceitos complicados, e uma combinação dessas ideias com mãos e "problemas" para resolver. Esta review vai focar-se no primeiro volume, contudo deixem-me recomendar todos os volumes, são uma boa compra/leitura para todos os jogadores de poker.

Publicados em simultâneo, os 2 volumes devem ser lidos em conjunto. As 800 páginas podem assustar um pouco, mas a forma acessível e cuidada como a informação é apresentada, facilita a tarefa. Os livros foram escritos para o público em geral embora os autores assumam que os leitores estejam familiarizados com o jogo. Na realidade o leitor típico é caracterizado como alguém que começou a jogar poker depois do grande boom, em 2002/2003, depois da vitória de Moneymaker no Main Event das WSOP. Esses leitores terão começado a jogar sits e MTT's online, talvez torneios ao vivo e quem sabe senão se interessaram por cash games? Harrington e Robertie estão cá para ajudar.

O volume 1 começa com uma introdução onde são explicadas as diferenças chave entre cash games e torneios, concluindo com algumas mãos bem ilustrativas das mesmas, retiradas do programa "High Stakes Poker". A primeira parte, "Basic Ideas", cobrem uma parte essencial do jogo, como é o cálculo de odds, contagem de outs, tipos de aposta (value bets, probe bets, bluffs), e outras áreas cobertas pelos livros HOH. A segunda parte é um esboço de, "The Elements of No-Limit Hold'em Cash Games" e as partes 3 a 5 apresentam o estilo tigh aggressive defendido pelos autores, concentrando-se no jogo pré-flop e no flop.

Harrington e Robertie defendem que " cash games e torneios não podem ser entendidos como uma mera aplicação de alguns princípios abstractos". No volume 1 introduzem as ideias base, que devem ser o guia para alguém que se senta numa mesa de um NLHE cash game. Muitas destas ideias são introduzidas na segunda parte, "The Elements of No-Limit Hold'em Cash Games", uma das mais importantes é a compreensão do significado do tamanho das stacks.

Quando se joga deep (isto é, com 100 BB's ou mais), certos factores importantes são vistos de forma estranha por jogadores que estão habituados a jogar torneios com estruturas muito rápidas. Os autores dizem que a "normalização" do valor das mãos quando se está a jogar deep (cash games), significa a diferença de valor entre as mãos premium e mãos fracas, e que este valor diminui à medida que as stacks aumentam. As implied odds também ganham especial importância quando se joga deep, permitem-nos jogar mais mãos, na esperança de "capturar" um stack alheia, que é em suma, o objectivo deste jogo.

Os autores gosta da ideia de que " small hand, small pot, big hang, big pot", um eco da "filosofia do pot size", defendida por David Slansky e Ed Miller's no livro No Limit Hold'em Theory and Practice (2006). Deve-se sempre ter noção do nível a que se está pot committed, tendo cuidado com as bets em todas as streets para que se fique ou não por committed, dependo do nosso objectivo.

Outra ideia aqui seguida é algo que já ouvimos os autores defenderem anteriormente, a noção de que " a maioria dos jogadores joga a maior parte das mãos de uma forma relativamente lógica". Embora devamos estar sempre atentos aos factores que fazem mudar a maneira de jogar dos jogadores, as apostas normalmente querem dizer o que parecem dizer. " Não assuma que o seu adversário é bruxo até que ele prove que é mesmo."

Pelo mesmo diapasão, os autores defendem que varie o seu jogo, para que se torne um jogador difícil de ler e classificar. Como é sugerido no HOH, os leitores são encorajados a darem percentagens às suas decisões de forma a " para variar a nossa abordagem por entre todas as estratégias aceitáveis". É nos pedido que usemos a outra mão no relógio para nos ajudar a "mecanizar o processo aleatório", como somos humanos é-nos difícil agir desta forma. Este é um tópico tão especial nos Volume 1,os autores dizem que jogar com "aleatoriedade" ou "balanço" é algo que deverá ser feito apenas pré-flop e no flop, deixando de parte as outras streets.

A ideia de "diversificar a sequência de apostas" é um factor discutido no "metagame", tal como quando se tenta enganar um adversário jogando mãos " de forma estranha". Uma das maiores passagens onde se discute metagame no volume 1, é quando os autores discutem mãos do "High Stakes Poker" para ilustrarem os seus pontos de vista.

Para além da análise de mãos do "High Stakes Poker" e outras situações comuns, cada uma das 3 partes relativas a jogadas tight aggressive culminam com "problemas" onde são analisadas mãos de cash game, quer online quer live. Embora estas 3 partes se foquem mais no jogo pré-flop e no flop, são analisadas 60 mãos até ao river. Como no HOH, estas análises são interessantes e ajudam. Claro que nem todos concordarão com todos os conselhos e decisões. Ainda assim os exemplos concretos ajudam a perceber as teorias de uma forma mais amigável.

Como já foi dito, os 2 volumes deverão ser lidos em conjunto, pois temos de ir ao volume 2 para ver a análise completa de uma jogada tight aggressive no turn e no river (parte 6 e 7). O segundo volume fala sobre tells, conversa de mesa, e padrões (parte 8); Estratégias para jogar tight aggressive (parte 9); Estratégias para jogar mãos fracas (parte 10); Gestão de banca (parte 11); e acaba com uma entrevista com o especialista em cash games e segundo classificado do Main Event das WSOP 1979, Bobby Hoff.

Cada uma destas três partes serão posteriormente analisadas na review do Volume 2.

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