Torneios de Poker com Jeremiah Smith: Recolher Informação e Confiar nas suas Leituras
Era a primeira mão numa mesa nova, e eu queria que os meus adversários pensassem que eu era um idiota. Esta era a estratégia básica que estava a usar durante o main event, e estava a resultar; esta primeira impressão ia durar o tempo suficiente para os levar a fazer um erro crítico. Com 300 big blinds, o risco que corria valia bem a recompensa. UTG, olhei para as cartas e vi K-3 suited.
Naturalmente, fiz raise de 2,5 vezes e recebi call do botão. O flop foi Q-8-2 e fiz uma c-bet de meio pote, com ideia de mostrar a mão caso ganhasse ou de fazer fold face up caso o adversário fizesse raise.
Ao contrário do que previa, o adversário deu insta call. Nesse preciso momento ele deu-me toda a informação que necessitava para ganhar a mão. Se ele tivesse um pocket pair ou Q-X na mão – demoraria mais a tomar a sua decisão. Pelo contrário, a rapidez com que fez o call indicava duas coisas: ou estava em draw ou então estava a fazer floating com a intenção de me bluffar numa street seguinte. O "call rápido = draw" é um dos clássicos do livro de Mike Caro, Caro's Book of Poker Tells.
Como me pareceu que ele tinha feito floating, planeei mandar um segundo e/ou terceiro barril, caso fosse necessário, para representar uma grande mão. A única mão que ele podia ter para estar em draw seria um J-T para gutshot. Quando apareceu um A no turn, deu-me a oportunidade de definir claramente a sua mão. Se ele estivesse a fazer floating com qualquer outra coisa que não fosse um A, um segundo barril bastaria para levar o pote. Se por ventura ele tivesse mesmo o A, a minha aposta faria com que ele parasse por um segundo para considerar as suas opções. Se eu estivesse enganado à partida, e ele me desse call com algo do tipo 7-7, uma aposta aqui faria com que eu levasse o pote, e aí mostraria o meu K3.
Ao contrário de todas as previsões, recebo mais uma vez um insta call. Normalmente não recomendo que se ponha um adversário numa determinada mão, é mais aconselhável que se pense num range de mãos e aí se calcule a nossa equity contra cada uma delas. Contudo, neste caso a velocidade dos seus movimentos disseram-me tudo o que eu precisava de saber; ele estava mesmo em draw com J-T. Na sua mente, ele tinha ganho mais outs com o A no turn, e se ele acertasse no river muito provavelmente eu iria pagar porque tinha uma boa mão. O river foi um inofensivo 2.
Aqui atingimos o ponto onde temos de confiar na nossa leitura. Neste momento, o meu K-high não é diferente de um A-Q; são ambos vencedores contra a mão em que eu pus o meu adversário. Com isso em mente, como se pode maximizar o valor contra um adversário em draw? Farei check e deixo-o bluffar? O mais seguro será apostar e deixar o adversário foldar, mas que graça tem isso?
Na verdade, eu esperava um check-behind, mas ao contrário do que queria/previa, ele fez uma aposta grande e eu decidi tentar obter mais informação. Como é que ele se parecia quando estava a fazer bluff? Ele tinha algum tell óbvio? Comecei a falar com ele e disse-lhe que o tinha posto em J-Ts desde o flop. Fiz o call e a minha read estava correcta (agora, em vez de pensarem que eu era um idiota, a mesa não sabia o que pensar).
Lembrem-se que a minha ideia não é induzir-vos para situações ridículas onde podem dar hero calls. Sempre que tenham a informação que pretendem, tomem a vossa decisão e formulem um plano para extraírem o maior valor possível da vossa mão. Não se amedrontem, claro que vão errar algumas vezes, mas com o tempo vão ver que é +EV este tipo de atitude.
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