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Campeão de Poker e Candidato a Vice-Presidente?: Entrevista com Greg Raymer

Campeão de Poker e Candidato a Vice-Presidente?: Entrevista com Greg Raymer 0001

Greg Raymer é o Campeão do principal torneio das World Séries of Poker de 2004. Teve de ultrapassar 2,576 jogadores e está habituado aos milhões de Americanos devido à cobertura do evento por parte das ESPN. Outro grande feito foi ter terminado no ano seguinte na 25ª posição de entre 5,619 jogadores. Greg tem a alcunha de "Fossilman" devido ao facto de usar fósseis como protectores das suas cartas.

Raymer é um dos profissionais mais admirados e respeitados. Os seus admiradores são atraídos pelas mais diversas razões, sendo que a mais flagrante será a forma como se comporta no pano verde. Embora seja muito famoso, é despretensioso. Greg participa regularmente em discussões de poker com jogadores cujas bancas juntas não dariam para se sentar numa mesa a jogar com este grande campeão. Raymer é magnânime nas vitórias e gracioso nas derrotas – características que a sociedade de hoje em dia parece ter perdido. Nas câmaras nunca foi visto humilhar nenhum outro jogador. Possui uma dignidade e honra que os jovens que estão a começar a jogar deveriam seguir.

PN: Em primeiro lugar, parabéns por todo o seu sucesso. Mesmo que já tenha passado dois anos desde que foi Campeão do Mundo nas World Séries of Poker, tem sido difícil a sua adaptação? Sei que num dos seus anúncios publicitários afirma que é a mesma pessoa mas que apenas tem um relógio melhor. Mas que tipo de efeito teve esta avalanche de publicidade em si?

GR: Gostaria de pensar que os efeitos foram mínimos em termos da pessoa que sou e do meu comportamento. Não me tem sido difícil ajustar-me, talvez por estar acostumado à mudança. Já mudei várias vezes a minha vida, bem como os planos de carreira, por isso a mudança é uma coisa com que estou habituado

PN: Considera-se mais um jogador de poker do que um advogado hoje em dia?

GR: Não me considero um advogado nesta altura, de maneira nenhuma. Se o poker desaparecesse de repente, e não conseguisse assegurar um bom salário fora das mesas de poker, então aí voltaria a trabalhar como advogado.

PN: O principal torneio das WSOP deste ano atraiu 8,000 jogadores. Pensa que o valor do buy-in deveria situar-se na ordem dos $25,000.00?

GR: De maneira nenhuma. Mesmo que na actual situação seja quase impossível um bom jogador ganhar o Principal Torneio durante a sua vida, isto é melhor do que excluir pessoas que querem competir. Acho que apenas deveriam subir o valor do buy-in quando chegarmos ao ponto em que se torna impossível gerir tantos jogadores.

PN: O vencedor deste ano, Jamie Gold, parece não ter ganho o mesmo nível de respeito dos seus colegas tal como você e Joe Hachem conseguiram angariar. O que acha que pode ter contribuído para tal situação?

GR: Hachem e eu não tivemos logo o respeito dos nossos colegas de poker até que provamos o nosso real valor em eventos posteriores às nossas vitórias nas WSOP. Jamie ainda não teve tempo de o fazer. Se o fizer, com certeza que terá o devido respeito. Mas tanto Joe como eu tivemos o respeito imediato dos nossos colegas devido a sabermos lidar com a vitória e como tratamos a situação logo após as vitórias. Com todos os escândalos (é capaz de ser uma palavra forte) que rodeiam Jamie Gold, ainda não teve o mesmo tipo de respeito.

PN: Temos ouvido rumores de que pretendem mudar a estrutura do torneio a fim de poder optimizá-lo. Gosta da ideia de começar os grandes torneios em limit e depois mudar para no-limit? Faria isto com que os melhores jogadores sobressaíssem?

GR: Detesto esta ideia. A única coisa que traria de novo seria que os jogadores demorariam muito mais tempo a perder a sua banca. Não ajudaria em nada o aumento das capacidades dos melhores jogadores. Se todo o torneio fosse disputado em pot limit, ai ajudaria um pouco, mesmo que não muito. A única forma de poder sobressair as capacidades dos bons jogadores é mantendo os níveis das blinds o mais baixo possível. Tal como está neste momento, jogamos o principal torneio durante duas semanas, uma semana mais que qualquer outro torneio. Não vejo como será possível alongar ainda mais este torneio.

PN: Em geral não menciono política enquanto entrevisto alguém fora desse domínio, mas uma vez que me deu permissão, quais são as suas inclinações politicas?

GR: A minha mente é muito liberal. Acredito na liberdade individual, e que podemos fazer tudo o que quisermos desde que não prejudiquemos ninguém. Também penso que somos responsáveis por nós próprios, e que o Governo não tem nenhum dever em nos ajudar (excepto proteger-nos de outros). Isso não quer dizer que seja contra todos os programas de governo que ajudam as pessoas, mas tais programas não deveriam ser considerados apenas porque ajudam as pessoas, mas apenas se fossem economicamente benéficos para a maioria.

PN: Está a pensar tornar-se político? Se sim, que tipo de cargo desejaria? Que tipos de posições apoiaria?

GR: Em muitos sentidos não me poderia tornar num bom político, pelo menos da forma como os negócios políticos funcionam no nosso país. Não sou muito bom com compromissos. Se me convencer que está certo, concordarei consigo, mas até o conseguir, farei o que achar mais correcto. Dito isto, estou neste momento a falar com umas pessoas que gerem o Partido Liberal acerca da possibilidade de concorrer a vice-presidente dos Estados Unidos. Com algumas poucas excepções, apoiaria o "Libertarian Party".

PN: Eu também sou "Libertarian", e estou surpreendido que outros jogadores de poker não o sejam. Não será a liberdade pessoal o maior benefício para se tornar um jogador de poker profissional? Uma pessoa vai e vem como o desejar, e tenta evitar a burocracia. Ainda melhor, é livre para depositar o seu cérebro numa auto-mutilação, anti-intelectual do politicamente correcto.

GR: Todo o jogador de poker com sucesso é suficientemente inteligente para ter sucesso em qualquer carreira, mas muitos deles são independentes nas suas atitudes na América corporativa moderna. Num ambiente de equipa, muitas vezes é mais importante dar-se com outros do que estar correcto. Dito isto, a minha experiência com grandes corporações faz-me acreditar que dar-se bem com os outros e ser inclusivo e tais ideias está a chegar a um ponto que não chega a concentração em fazer o trabalho bem feito. Para trabalhar como equipa, você não pode ser egoísta, mas não tem de ir ao ponto de favorecer a mediocridade do grupo para poder fazer o trabalho bem feito com inteligência e perfeição. Basicamente, na maioria das burocracias Americanas, e provavelmente no resto do mundo (embora não saiba por experiência própria) o balanço transborda, e existe muito ênfase na equipa, e não tanto nos resultados.

PN: Em Abril, você foi a Washington D.C. juntamente com Chris Ferguson e Howard Lederer, para protestar contra a tentativa americana de banir o poker online. Com que impressão ficou do Congresso com a sua visita? Qual a sua opinião geral acerca da UIGEA de 2006? A sua visita ao Capitol Hill tem alguma coisa a ver com a sua intenção de se tornar um fazedor de leis?

GR: A minha opinião dos Congressistas que encontramos é no geral positiva, mas a minha impressão de como os negócios são feitos no congresso é muito negativa. Existe muita ênfase em ser eleito e re-eleito e não tanta em votar inteligentemente com respeito por todas as leis. A minha impressão geral acerca da UIEGA é um monte de m…. A lei não contempla qualquer coisa na verdade, mas dá a impressão que sim. É outro exemplo de políticos a passarem leis não porque estão a tentar fazer qualquer coisa correcta, mas porque pensam que ajudá-los-á a serem reeleitos.

PN: Quais os livros que mais lhe influenciaram no desenvolvimento e jogo? Quais os jogadores que mais respeita?

GR: A maior influência na minha vida foi o livro do David Skansky "The Theory of Poker". Foi dos primeiros livros que comprei, e ensinou-me os conceitos mais básicos aplicáveis a qualquer forma de poker. Ainda considero o livro mais importante que um jogador pode ler para melhorar o seu jogo.

Respeito todos os jogadores que se comportam como Senhoras e Senhores nas mesas, e que fazem o seu melhor para ganharem respeitando as regras. Existem muitos jogadores que respeito pelos seus talentos, são muitos para poder mencioná-los a todos. A maior parte sabem quem são.

PN: por fim, deixe-me perguntar acerca do seu livro. Já ouvimos rumores há muito tempo. É acerca da competição? Pode partilhar connosco quais os tópicos e questões que serão abordados?

GR: Tenho uma má combinação entre estar ocupado e preguiçoso. Fui abordado pelas Publicações Two Plus Two acerca de escrever um livro logo após a minha vitória no principal torneio das WSOP, e estava muito excitado com a ideia. Dois anos e meio depois, e ainda estou longe de o terminar. Quando estiver terminado, será um livro sobre estratégia em torneios, não um livro sobre a minha vida. Duvido que alguma vez escreva um livro acerca da minha vida, uma vez que não considero a minha vida interessante. Já poderia ter terminado este livro há muito tempo contratando um escritor fantasma, mas gostava que o livro fosse todo meu. Quando sair, os créditos ser-me-ão todos creditados, ou todas as queixas.

PN: Obrigado por esta entrevista Sr. Raymer.

Nota Ed: Como já deve saber, Greg Raymer é patrocinado pela POKER STARS

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