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Posição Relativa - Posição no Poker

Posição Relativa - Posição no Poker 0001

A palavra posição surge muitas vezes durante um jogo de poker. Mas o que é que ela implica na realidade? Para começar temos de distinguir dois tipos diferentes de posição, a posição relativa e a posição absoluta. Após fazer essa distinção vou apresentar algumas situações onde a posição relativa tem muita importância no jogo.

Quando falamos de posição absoluta, apenas estamos a falar da posição em relação ao botão. Quanto mais perto do botão estiver, no sentido do ponteiro dos relógios, mais espaço de manobra terá nas streets seguintes, pois será dos últimos a falar. Isto dá-lhe a vantagem de ver o que os seus adversários fazem e ponderar a sua decisão. À primeira vista, esta será a definição de posição, e daquilo que observo é a definição que a maioria dos jogadores seguem. Espero que após a leitura deste artigo tenham uma maior percepção do termo posição, e em especial do termo "posição relativa".

A posição absoluta é muito importante quando se joga apenas contra um adversário, head's-up. Nesta situação não existe posição relativa, visto que você e o seu adversário são os únicos jogadores no pote. Quando se joga em limites do tipo NL25, é muito raro ver um flop em head's-up, isso só acontecerá numa mesa 6-máx muito tight.

Por este motivo a posição relativa ao raiser inicial(apartir de agora RI) é muito mais importante, que a posição absoluta, ao jogar microstakes nos dias de hoje. Isto acontece por causa das c-bets e do facto de que 90% dos flops são checkados até ao RI. Como muitos jogadores, em microstakes, conhecem o termo c-bet, farão uso desta jogada em quase todos os flops.

Exemplo:

Em ambas as situações temos a mesma mão 56.

Situação 1.1:

Estamos no botão numa mesa full ring. Os jogadores em UTG e UTG+1 fazem limp e o resto dos jogadores até ao CO foldam. O jogador no CO raisa 5BB's. Agora cabe-nos a nós decidir o que fazer, tendo em mente a nossa posição.

Situação 1.2:

Estamos na SB numa mesa full ring. O jogador UTG raisa 5BB's e o UTG+1 faz call. Todos os jogadores foldam até ao botão que também faz call. O que fazemos nesta situação?

Estes dois exemplos ajudam a perceber a ideia de posição relativa. Vamos supor que fazemos call nas duas situações. O flop é 47J e ficamos em open ended straight draw.

Agora vem a acção pós-flop:

Situação 1.1: Normalmente todos os jogadores farão check até ao jogador que fez o raise inicial, neste caso o jogador do CO, que aposta meio pote.

Situação 1.2: Normalmente todos os jogadores farão check até ao jogador que fez o raise inicial, nest caso o jogador UTG, que aposta meio pote.

Espero que alguns dos leitores já tenham percebido até onde é que eu quero chegar com isto. Na situação 1.1, embora estejamos no botão, estamos na pior posição possível em relação ao RI visto que seremos os primeiros a falar após ele fazer a c-bet. Nesta situação não teremos informação nenhuma sobre o que irão fazer os outros jogadores. 90% das vezes eles irão checkar quer acertem ou não no flop, pois sabem que o RI vai quase de certeza fazer c-bet. Embora estejamos na melhor posição absoluta, estamos na pior posição relativa.

Na situação 1.2, estamos sentados à direita do RI. Se este jogador fizer uma c-bet no flop, todos os outros jogadores jogarão primeiro que nós, o que nos deixa em posição privilegiada. Ou seja, neste caso estamos na pior posição absoluta e na melhor posição relativa.

Então, antes de fazer o seu próximo call pré-flop veja em que posição está em relação ao RI, e pense no número de jogadores que ainda vão jogar depois de si. Tendo isto em consideração, a situação 1.1 seria um claro fold, pois estará sem posição o resto da mão, se algum dos jogadores decidir fazer o call. Na situação 1.2, está em boa posição para fazer o call, visto que tem posição sobre o RI (a menos que a BB faça call também) e quando tiver de tomar a sua decisão tem toda a informação disponível. Ainda para mais que é o ultimo a falar e tem a certeza que verá um flop se fizer o call.

Para melhor perceber o conceito veja este vídeo de Rolf Slotboom.

Usar a posição relativa

Agora que já sabe o que é a posição relativa e como isso afecta o jogo pós-flop, é uma questão de fazer uso da sua posição da melhor maneira.

Vamos agora discutir 8 situações diferentes:

1. Uma mão boa (44), em posição, numa board sem draws (48Q)

2. Uma mão boa, em posição, numa board com draws (410J)

3. Uma mão boa, sem posição, numa board sem draws

4. Uma mão boa, sem posição, numa board com draws

5. Uma mão marginal (JQ ou JQ), em posição, numa board sem draws

6. Uma mão marginal, em posição, numa board com draws

7. Uma mão marginal, sem posição, numa board sem draws

8. Uma mão marginal, sem posição, numa board com draws

Nas mãos onde temos posição, estamos na SB e o RI está UTG. Temos 2 call's, o UGT+1 e o CO. A imagem abaixo ajuda a clarificar a situação:

Posição Relativa - Posição no Poker 101

Quando estamos sem posição, estamos novamente na SB mas o RI está no botão. Os 2 call's são a BB e o jogador UTG.

Posição Relativa - Posição no Poker 102

Exemplo 1

Estamos sentados com posição e temos 44 na mão. O flop é 48Q

Embora tenhamos uma má posição absoluta, estamos na posição perfeita para extrair o maior valor possível da nossa mão. Primeiro temos de decidir o que fazer; Checkar ou apostar. Se apostarmos, existe uma grande probabilidade do RI fazer raise à nossa aposta visto que entrámos no pote "dele" e é ele quem manda. Desta situação resultará quase sempre o fold dos outros 2 jogadores na mão. Existiu uma bet e um raise antes deles actuarem o que por vezes os fará foldar top pair, o que é algo que nós não queremos. Se fizermos check, o RI apostará quase de certeza, quer tenha acertado ou não, no flop. Agora a acção está de volta aos outros 2 jogadores que não fazem ideia da força da nossa mão, e farão call com mãos do tipo KQ e QJ. Nesta situação se decidirmos raisar é muito provável que eles se decidam pelo call. É simples, os jogadores tendem a fazer call a uma aposta duas vezes, do que call a duas apostas uma vez. Se nós apostarmos e o RI raisar, então os outros jogadores terão de fazer call a duas apostas, enquanto que se nós fizermos check/raise, eles já fizeram call a uma aposta e agora só têm de fazer call a mais uma aposta. Por tudo isto esta situação pede que façamos check/raise no flop. Também podemos optar por fazer check/call e deixar que os outros jogadores "apostem por nós". O problema de fazermos isto é que normalmente o pote não cresce muito, visto que no turn todos os jogadores farão check. Sempre que acertamos um set estamos a jogar para a stack, daí que esperemos que pelo menos um jogador faça call à nossa aposta.

Exemplo 2

Estamos sentados com posição e temos 44 na mão. O flop é 410J

Estamos quase na mesma situação que na mão anterior, mas desta vez o flop não é dos melhores pois existem muitos draws. Mais uma vez temos de decidir se vamos checkar ou apostar antes do RI jogar.

Se apostarmos, arriscamo-nos a que o RI faça raise com um dos possíveis draws na mão. Em resultado disto, os outros jogadores, que até podem ter um draw na mão ou top pair, foldarão na maior parte das vezes. Portanto como estamos sentados à direita do RI e existe uma grande probabilidade que ele faça re-raise à nossa aposta, vamos checkar para tentar que os outros jogadores não foldem as suas mãos. Existe sempre o risco do RI não fazer a c-bet esperada e desta forma estamos a dar uma carta grátis aos nossos adversários, que podem assim completar os seus draws. Mas como em microstakes o RI fará c-bet na maioria das vezes, existe mais valor em fazer check e manter os outros jogadores no pote. Após fazermos check, o RI fará quase de certeza a sua c-bet e a acção está de volta aos outros jogadores. Eles farão call com um grande número de mãos, nomeadamente com as mesmas mãos do exemplo 1, e com um range grande de draws. Usando o mesmo principio usado no Exemplo 1 ( os jogadores farão mais vezes call a uma aposta do que fazem a duas), podemos extrair muito valor usando uma estratégia de check/raise. Temos de nos assegurar que fazemos um BOM raise e que não damos odds aos nossos adversários para fazerem call. Faremos um raise do tamanho do pote para termos a certeza que os nossos adversários pagam, e bem, para completar os seus draws.

Exemplo 3

Estamos sentados sem posição e temos 44 na mão. O flop é 48Q

Desta vez não temos posição, o RI está no CO e os outros jogadores estão sentados entre nós e o RI, seremos os primeiros a falar após a c-bet do RI. O que estamos a fazer é basicamente pôr-nos na posição do RI no Exemplo 1 e 2 e esperar que ele siga a linha utilizada por nós, ou seja, que raise. Nós sendo os primeiros a falar, faremos uma "donkbet". Em virtude desta donkbet os outros 2 jogadores terão de tomar uma decisão antes do RI jogar. Nesta altura eles apenas têm de pensar se farão call à nossa aposta, e não percebem em que situação estão, fazendo call apenas com top pair. Após estes jogadores decidirem se fazem ou não call à nossa aposta, a acção está de volta ao RI. Sendo ele o RI, ainda pensará que este pote é dele, fazendo re-raise com top pair ou overpair. Quando a acção estiver de volta a nós, devemos fazer apenas call para que os outros 2 jogadores façam call também, devido à regra mencionada antes, coisa que eles não fariam se tivéssemos optado pelo movimento de check/raise. A opção pelo check/call não é a ideal visto que não conseguimos extrair muito valor da mão, mas como já vimos pior seria fazer check/raise pois afastaríamos 2 jogadores do pote.

Exemplo 4

Estamos sentados sem posição e temos 44 na mão. O flop é 410J

Na verdade esta situação é muito semelhante à do Exemplo 3, a única diferença reside no tamanho do raise do RI. Visto que o raise do RI é muito pequeno teremos de fazer re-raise para afastar, não dando odds, aos outros jogadores para fazerem call e completarem os seus draws. Portanto se o RI fizer mini-raise à nossa aposta, teremos de fazer re-raise se estiverem mais jogadores no pote.

Agora começaremos a ver estas situações mas com mãos marginais, desde top pair a draws.

Exemplo 5

Estamos sentados com posição e temos JQ na mão. O flop é 48Q

Temos uma mão razoável (top pair com um kicker marginal) numa board sem perigo. O que fazer, check ou bet? Se decidirmos checkar e o RI apostar, jogadores com mãos como a nossa acabarão por fazer call, o que é algo que não nos agrada visto que o nosso kicker não é nada do outro mundo. Se apostarmos, o RI poderá raisar, embora não tenha uma grande mão, pois pensa que dessa forma pode ganhar o pote desta forma. O problema é que ficaremos sem posição o resto da mão, em relação ao RI, que até poderá ter uma boa mão. O melhor que se pode fazer nesta situação é checkar e ver o que os nossos adversários fazem. O RI aposta e agora a acção está com os outros jogadores. Se um deles faz call, terá na maior parte das vezes top pair ou melhor, caso contrário teria foldado nesta situação, pois não existem draws na board. Então, se um dos adversários fizer call à aposta do RI, nós foldamos. Se ambos os jogadores foldarem, fazemos call, porque o RI fará raise com um range muito grande de mãos nesta situação, muitas delas batidas pela nossa mão. Neste caso fizemos um grande uso da nossa posição relativa, na hora de tomarmos decisões, embora tenhamos sido os primeiros a agir pós flop.

Exemplo 6

Estamos sentados com posição e temos JQ na mão. O flop é 410J

Esta situação é igual à do Exemplo 5, embora desta vez tenhamos uma board mais perigosa, com draws, que terão um grande peso nas nossas decisões. Neste caso os jogadores sentados entre nós e o RI farão call com um range de mãos muito grande na tentativa de acertar o seu draw. Como podemos ver no Exemplo 2, esta caça ao draw não é muito má, se tivermos uma mão muito forte. Contudo, neste caso a nossa mão é relativamente fraca e não temos problemas em que os outros jogadores foldem. Então o que faremos nesta situação é apostar e esperar que o RI faça raise à nossa aposta. O raise feito pelo RI fará com que os outros jogadores foldem, a menos que tenham monstros nas mãos (sets). O RI não tem que ter uma mão muito forte, o que pretendemos é que o raise dele afaste os outros jogadores, que até podem ter mãos bastante aceitáveis. Se o RI não fizer raise à nossa aposta, pelo menos asseguramo-nos que os outros jogadores pagam caro para completar os seus draws.

Exemplo 7

Estamos sentados sem posição e temos JQ na mão. O flop é 48Q

Desta vez estamos sem posição mas com uma mão bastante razoável. O que faremos aqui é extrair informação dos nossos adversários fazendo uso da nossa posição absoluta. Fazemos uma aposta relativamente pequena, 1/3 ou ½ do pote, e vemos o que acontece. Se os 2 jogadores no meio tiverem uma boa mão, farão call e algumas vezes poderão mesmo fazer raise. Se não tiverem nada, vão de certeza foldar. Eliminámos a desvantagem de estarmos sentados sem posição, fazendo o que se pode chamar de "feel-bet" para ver a reacção dos nossos adversários. Fazendo isto não precisamos de esperar que o RI faça a sua c-bet, que seria obrigatoriamente maior que a nossa "feel-bet", sem ter informação sobre os jogadores sentados entre nós. Se um dos dois jogadores entre nós e o RI fizer raise, será mais fácil para nós foldarmos, visto que temos mais informação.

Exemplo 8

Estamos sentados sem posição e temos JQ na mão. O flop é 410J

Pelo que foi discutido até agora, você já deverá ser capaz de descobrir esta por si. Estamos sentados à esquerda do RI e o flop tem alguns draws. Aqui iremos usar novamente a regra "faremos call a uma bet duas vezes e call a duas bets uma vez". Se fizermos check e o RI apostar, somos os próximos a jogar. Então se fizermos raise nesta situação, os jogadores entre nós e o RI terão de fazer call a 2 apostas, o que não é muito provável. Por isso faremos check/raise 100% das vezes, para nos assegurarmos que os outros 2 jogadores continuam na mão. Mais uma vez estamos a fazer bom uso da nossa posição relativa, fazendo com que jogadores em draw foldem as suas mãos.

Conclusão

Espero que ao lerem este artigo possam agora perceber melhor a importância da posição relativa em relação ao RI e as implicações disso na forma de jogar uma mão. Contudo, existem 2 aspectos importantes em todos os exemplos apresentados:

- O RI faz geralmente c-bet no flop;

- Existem mais jogadores no pote para além de nós e do RI( em head's-up a posição absoluta é muito mais importante).

Se um destes aspectos não estiver presente não faz sentido usar a posição relativa.

Visto que a maioria dos potes em microstakes é visto por mais de 2 jogadores (normalmente 3), e o RI faz quase sempre c-bet, as explicações dadas anteriormente servem para que possam minimizar as perdas e maximizar os lucros. Nestas mesas é muito importante fazer uso da posição relativa, pois isso mudará a maneira como jogará as mãos.

Vemo-nos nas mesas!

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